quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

ARQUIVO CULTURAL
LEITURA
Um livro por uma rosa

Na Praça dos Leões, doar e comprar livros foram motivos para ganhar rosas. A Festa do Livro e da Rosa acabou neste sábado
A FESTA DO LIVRO e da Rosa foi encerrada ontem na Praça dos Leões, Centro de Fortaleza(Foto: EVILÃZIO BEZERRA)
[23 Abril 16h15min 2005]

Livros para todos os gostos e idades. Distribuição de rosas, contação de histórias, maratona de leitura do Quixote das Crianças de Monteiro Lobato, oficina de cordel. Pela praça, a trupe literária Cavaleiros da Dama Pobreza e Grupo Garajal convocavam os presentes, por meio da música, a conhecer o ''mundo'' mágico da leitura. Essas atrações marcaram o encerramento, neste sábado, da Festa do Livro e da Rosa, na Praça dos Leões, no Centro de Fortaleza.

Nixon Araújo, assessor da Coordenadoria de Política do Livro e Acervo da Secretaria da Cultura do Estado (Secult), diz que a festa, em Fortaleza, foi inspirada na tradição da Espanha, onde os livreiros vão às ruas e, além de vender livros, entregam rosas à população. Segundo ele, a Unesco aproveitou a iniciativa e instituiu o dia 22 de abril como o Dia Mundial do Livro. Esta é a terceira edição do evento na capital cearense. Na Praça dos Leões estavam 14 livreiros, foram montados estandes da Secretaria da Educação Básica (Seduc) e da Biblioteca Pública governador Menezes Pimentel.

Desde o último dia 22, foram realizadas atividades literárias em praças, na Academia Cearense de Letras (ACL) e Museu do Ceará. Grupos de contação de história e de oficina de poesias também foram aos bairros Tancredo Neves e Mercado dos Pinhões. Na Academia Cearense de Letras, houve mesa-redonda sobre os 400 anos de Quixote, de Miguel de Cervantes, e apresentação de teatro sobre a obra do autor. Guaipuan Vieira, autor do cordel sobre a história da vida e da morte do Papa João Paulo II, estava animado com a procura pela literatura de cordel. Os exemplares estavam sendo vendidos a R$ 1,00.

A técnica de radiologia Silvia de Oliveira confessa que ficou encantada com a variedade de títulos literários. ''A vontade que tenho é de ficar por aqui, conferindo e comprando''. Os autores preferidos dela José de Alencar e Machado de Assis. Não foi por menos que levou uma das principais obras de Machado, Dom Casmurro, para o filho de 13 anos. ''O mais interessante aqui é poder comprar barato e ainda ganhar rosa''.

A guia de turismo Inês Ferreira gostou da idéia da festa e sugeriu que o evento fosse repetido a cada mês. ''Achei ótima''. O aposentado Pedro da Silva, 68, foi ao centro fazer umas compras e aproveitou para comprar livros. ''Com um preço desse, vou levar Tieta do Agreste, de Jorge Amado, e As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis''. A Festa do Livro e da Rosa é realizada pela Secult, em parceria com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), com apoio da Prefeitura de Fortaleza.



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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Sarau junino homenageia grandes poetas populares brasileiros

24/06/2015 • 16:30
Da redação do Portal AZ


Poesia também rima com festa junina. Tanto que nesse mês mais festivo do nordeste, a Oficina da Palavra  promove o Sarau Junino. Será nesta quinta, às 20h, em homenagem aos poetas Patativa do Assaré, Hermes Vieira, “João José Piripiri”, “Zé da Luz”; “Azulão”,  que produziram obras marcantes em diversas partes do país.

Mestre Azulão, um dos fundadores da feira nordestina no Rio de Janeiro, escreveu mais de 300 cordéis, repentista renomado, é considerado o príncipe do cordel brasileiro. O repentista Zé da Luz foi poeta popular brasileiro, alfaiate de profissão, tornou-se um dos nomes mais divulgados do repente nacional.

Outros nomes do folclore nordestino, como Hermes Vieira, incluíram o Piauí no rol de estados exportadores da boa poesia cordelista. “João José Piripiri” foi o pseudônimo de Cineas Santos enquanto escritor de cordéis na década de 70. A temática de sua produção à época continua recente, pois tinha como foco mostrar uma sociedade desigual; situação que ainda persiste.
Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré (foto acima), conseguiu grande expressão no país, tornando-se um dos principais nomes do cordel no Brasil e no exterior. Sua vida e obra são de grande importância científica, sendo temas de produções acadêmicas em diversas áreas do saber humanístico. 

O cardápio do sarau contará com os típicos pratos sertanejos: maria-isabel; beiju com carne de sol; paçoca; pamonha; canjica; cocada e rapadura. A noite promete com muito pé-de-serra e festa a noite toda. A entrada é franca. Viva o sarau junino!

OBS: O poeta Hermes Vieira não era cordelista. Era um poeta popular e indianista. Sua poética  expressa o dialeto do homem nordestino. Com métricas na 3ª e 7º sílaba. Estilo próprio, o que o poeta cordelista não faz. 


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016


A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CÉU

Um clássico da literatura de cordel, escrito nos anos 70, em Teresina Piaui, pelo poeta piauiense Guaipuan Vieira. Várias edições. Cordel cedido ao Domínio Público para pesquisa. É tema de estudos em livros didáticos, monografias e dissertações de mestrado.


Foi numa Semana Santa
Tava o céu em oração
São Pedro estava na porta
Refazendo anotação
Daqueles santos faltosos
Quando chegou Lampião.

Pedro pulou da cadeira
Do susto que recebeu
Puxou as cordas do sino
Bem forte nele bateu
Uma legião de santos
Ao seu lado apareceu.




São Jorge chegou na frente
Com sua lança afiada
Lampião baixou os óculos
Vendo aquilo deu risada
Pedro disse: Jorge expulse
Ele da santa morada.

E tocou Jorge a corneta
Chamando sua guarnição
Numa corrente de força
Cada santo em oração
Pra que o santo Pai Celeste

Não ouvisse a confusão(...)



















O pilotão apressado
Ligeiro marcou presença
Pedro disse a Lampião:
Eu lhe peço com licença
Saia já da porta santa
Ou haverá desavença.

Lampião lhe respondeu:
Mas que santo é o senhor?
Não aprendeu com Jesus
Excluir ódio e rancor?...
Trago paz nesta missão
Não precisa ter temor.

Disse Pedro isso é blasfêmia
É bastante astucioso
Pistoleiro e cangaceiro
Esse povo é impiedoso
Não ganharão o perdão
Do santo Pai Poderoso.

Inda mais tem sua má fama
Vez por outra comentada
Quando há um julgamento
Duma alma tão penada
Porque fora violenta
Em sua vida é baseada.

 - Sei que sou um pecador
O meu erro reconheço
Mas eu vivo injustiçado
Um julgamento eu mereço
Pra sanar as injustiças
Que só me causam tropeço.