sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

SIQUEIRA DE AMORIM

Por Guaipuan Vieira

Quase 100 anos de nascimento de um dos grandes nomes do improviso cearense, João Siqueira de Amorim, de Barbalha, 16/06/1913 - 16/11/1995. Cantou com grandes repentistas, destacando-se Domingos Fonseca, Rogaciano Leite, Cego Aderaldo e Granjeiro. Foi funcionário público aposentado. Exerceu o jornalismo escrevendo nos jornais “Gazeta de Notícias”, “O Povo”, “O Estado” e “Correio do Ceará”. Em 1949, publicou o livro “Ecos da Juventude”, com direito a segunda edição. Na luz da grande verve, fora traído pelo destino, após deleitar um pirão de peixe pilombeta, e engasgando-se com uma espinha; submeteu-se a uma cirurgia da laringe, o que depois, fez perder a voz . A comoção dos cantadores na época foi imediata, surgiram vários poemas registrando o drástico acontecimento do poeta, dentre as composições, a canção a VOZ DO SIQUEIRA, de autoria do poeta Alberto Porfírio (também In Memoriam). Siqueira não se deixou vencido, dedicou-se à literatura de cordel. Publicou alguns títulos, desses “Os Estrupícios da Cachaça”, edição do CERES/SECULT-1986. Na década de 90, entrevistei o velho poeta em sua residência, no bairro Aracapé, para o meu programa Canto Sertanejo, na Rádio Pitaguary. Informara que se encontrava desolado dos cantadores, e manifestava o desejo de publicar um livro inédito, mas sem recursos financeiros e sem apoio de órgãos públicos ligados à cultura, não viu seu sonho ser realizado. Desse vate do improviso, estrofes do cordel Os Estrupícios da Cachaça, onde a rima e a métrica, cadenciada à oração dos versos, dão gosto à leitura.

Depois de falar um pouco
Da vida do macumbeiro,
Palavra que representa
O mesmo catimbozeiro,
Vou tirar algumas lapas
Do couro do cachaceiro.

Vejam bem, caros leitores,
O que é que a cachaça faz:
Desce queimando a garganta
Numa fusão de água e gás,
Depois sobe pra cabeça
Transformando em satanás!

O viciado em bebidas
Sempre dela se socorre,
Para o calor, para o frio,
Toma todo dia um porre,
Só vive matando o “bicho”
E esse bicho nunca morre...

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

PROFESSORES LANÇAM CORDEL

Foi lançado em dezembro de 2012, no pátio do Liceu Alfredo Almeida Machado, em Quixeramobim,o cordel "Fausto Nilo em Cordel - rimando arquitetura e música”. A publicação é de autoria do professor especialista em língua portuguesa e literatura brasileira, João Paulo Barbosa, e do escritor e graduando em letras, Bruno Paulino.
Estiveram presentes ao evento os professores Ivonildo Reis, Neto Camorim, e Avilar Henrique, bem como o diretor daquela instituição de ensino, Roberto Carvalho, além de numerosa parcela de alunos.

Além do lançamento, o público acompanhou apresentações artísticas dos grupos de dança dos jovens da Associação Pestalozzi e do Liceu de Quixeramobim. Os exemplares ficarão a disposição dos estudantes da rede pública e particular de ensino do município, com o propósito, sobretudo, de servirem como fonte de pesquisa e incentivo para despertar o interesse pela história de Quixeramobim e seus personagens. O Cecordel parabeniza a rica iniciativa dos jovens poetas.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Mestres do Cordel

 A série Os Mestres do Cordel, vem reforçar o Projeto Cordel Sempre Vivo nas Escolas, destaca a bibliografia de cordéis de grandes autores que ao longo de décadas continuam em evidencia e que são solicitados como fonte de pesquisa, por docentes e discentes. Neste bloco destacamos autores antigos e contemporâneos, como Leandro Gomes de Barros, José Pacheco, Joaquim Batista de Sena, João Melquiades Pereira, Antônio Américo de Medeiros, João Amaro (Jotamaro), Alberto Porfírio, Afonso Nunes Vieira e Alegário Fernandes da Silva.
 
-SEGUNDA PELEJA DE ROMANO DO TEIXEIRA COM INÁCIO DA CATINGUEIRA. Autor: Leandro. Reedição: Patos Paraíba, 1980. Editor: Antônio Américo de Medeiros. 16 páginas, 78 estrofes em sextilha. Capa: Xilogravura de J. Borges. 1ª Estrofe:    
Negro me diga seu nome
que quero ser sabedor
se é solteiro ou casado
aonde é morador
e se acaso é cativo
diga quem é seu senhor?
 
-A INTRIGA DO CACHORRO COM O GATO. Autor: José Pachêco. Reedição: Juazeiro do Norte, 27/05/1981. Editor: Filhas de José Bernado da Silva. 8 páginas. 32 estrofes em sextilha. 1ª Estrofe:
 
A intriga é mãe da raiva
o meu pensamento é pai
da casa da malquerência
o desmantelo não sai
enquanto a intriga rende
A revolução não cai.
 
ESTÓRIA DE JOÃOZINHO O FILHO DO CAÇADOR. Autor Joaquim Batista Sena, 1ª edição: Juazeiro do Norte, 08/05/1978. Editor: Manoel Caboclo e Silva. 32 páginas. 156 estrofes em sextilha.
1ª Estrofe:
 
Oh! Musas parnasianas
iluminai minha estrela
pra eu versar uma estória
que dantes pude apreendê-la
assim como me contaram
irei também descrevê-la.
   
História de Cazuza Sátyro - O matador de onça.  Autor: João Melquiades Pereira. Edição: Casa das Crianças/PE. Ano não consta. Capa: desenho de C. Lima. 40 páginas. 160 estrofes em sextilha.
1ª estrofe:
Era vinte e três de junho
véspera de senhor São João
 o dia em que o povo
se reúne no sertão
para festejar o santo
de maior animação.
 
A Moça que mais sofreu na Paraíba do Norte, Autor: Antônio Américo de Medeiros. Editor não consta. Romance. 48 páginas, 239 estrofes em sextilha. 1ª estrofe:
 
No século mil oitocentos
e quarenta e cinco o ano
houve uma seca das grandes
no sertão paraibano
na qual morreu muita gente
sem pão, sem água e sem plano.
   
O Babão, Autor: Jotamaro. Edição: 28/05/1986. Secretaria de Cultura e Desporto do Ceará, através do CERES e da Tipografia Lira Nordestina. 8 páginas. 38 estrofes em sextilha. Xilo: J. Borges.
1ª estrofe:
 
Meu caro e amigo leitor
eu vou falar de um ente
cujo dito eu considero
pior do que uma serpente
pois só vive neste mundo
para fazer mal a gente.
   
A morte de João Quincó pelo cangaceiro Macilon Leite em 1927, autor: Alberto Porfírio. Edição Secult,1997. Xilo: Abraão Batista. 10 páginas. 44 estrofes em sextilha. 1ª Estrofe:
 
Leitor, aqui vou narrar
um passado verdadeiro
que se deu no Alto Santo,
distrito de Limoeiro:
a morte de uma família
nas unhas de um cangaceiro.
   
O cordel João Paulo II Visita o Brasil e Atentado em Roma, de autoria de Afonso Vieira, é uma publicação da Secretaria de Cultura e Desporto, por meio do Centro de Referencia Cultura - Ceres, e da Editora Henriqueta Galeno. Edição: Fortaleza/1981. 20 páginas e 84 estrofes em sextilha. 1ª estrofe:
 
Feliz é a criatura
que acredita em Jesus cristo
vai para cinquenta anos
que nesse mundo eu existo
e que Deus andou no mundo
eu não vi mais dou por visto.
 
Romance do Homem que enganou a Morte no Reino da Mocidade, autor: Alegário Fernandes da Silva. Edição: Editora Coqueiro, sem data. 16 páginas. 79 estrofes em sextilha. Capa: Xilo de Dila. 1ª Estrofe:
 
Peço talento a Jesus
que tenho necessidade
para versar um romance
que vem da antiguidade
o homem que enganou a morte
no reino da mocidade.

Fonte: Veredas do Cordel -Guaipuan Vieira