domingo, 6 de dezembro de 2009

PÁGINA DO PASSADO


Em abril de 1991, na Livraria Vozes, realizou-se o lançamento do livro -“Crime e Castigo no Cordel”, do escritor Adelino Brandão, oportunidade que lhe foi outorgado pelo Cecordel, o título de Delegado dos Cordelistas do Ceará. A solenidade contou com a presença de poetas cordelistas e estudiosos da cultura popular. (Vê-se na foto: lado esquerdo a esposa de Adelino, ele de palitó recebendo do poeta Guaipuan Vieira o diploma... Ao lado direito o poeta João Amaro(Jotamaro) e poeta Antonio de Almeida).
CANTADORES - Na década de 80, eu apresentava na Ceará Rádio Clube, em Fortaleza-Ce, o programa CANTO SERTANEJO. Em um desses programas recebi do poeta Siqueira de Amorim, as estrofes abaixo, fruto de improviso, quando cantava com o poeta Francisco Evaristo, exaltando o aguardente. Siqueira que submetera a uma cirurgia da laringe e por conseqüência perdera a voz, passara a se dedicar a literatura de cordel. Foi sem dúvida um grande vate do improviso. Cantou com grandes repentistas, desses destacamos Domingos Fonseca, Cego Aderaldo, Grangeiro, entre muitos.   Fonte: Veredas do Cordel-Guaipuan Vieira

Siqueira de Amorim:

Aguardente geribita
Feita da cana caiana
Eu bebo desde o começo
Até o fim da semana
O cantador só é forte
Quando canta e bebe cana!

Um pouquinho de aguardente
A muita gente conforta
Faz esquecer a tristeza
Revive a esperança morta
Até as mulheres bebem
Também por detrás da porta!

Quando eu pego na viola
Disposto a cantar repente
Digo ao dono do pagode
— Traga um pouco de aguardente
Bebo pra matar o frio
E bebo pra ficar quente!

Hoje bebe todo mundo
Deputado e senador
Bebe o soldado, o sargento
O juiz, o promotor
Como é que pode deixar
De beber o cantador?

Francisco Evaristo:

O homem degenerado
Que se vicia a beber
Quando está puxando fogo
Só trata em aborrecer
Faz coisas que o diabo
Faz questão pra não querer.

A cachaça, meus amigos
Sempre só faz ação feia
Logo que o cabra a toma
A todo mundo aperreia
Precisa até a polícia
Levá-lo logo à cadeia

E termina até na peia
Devido ser imprudente
Depois se solta, mas fica
Tristonho e muito doente
Tudo isso só porque
Meteu-se na aguardente.

Eis a razão porque digo
Dela qual o seu defeito
Ataca primeiro o cérebro
Come o "figo", acaba o peito
E depois do mal tá crônico
Não há médico que dê jeito.

Entre livros e palavras

Alvorada musical, com a participação da banda de música do Corpo de Bombeiros, marca a abertura da Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, que começa hoje, às oito da manhã, no pátio externo da Biblioteca Pública Menezes Pimentel, e prossegue até o próximo dia 27, reunindo professores, pesquisadores, bibliotecários e o público em oficinas, mesas-redondas e recitais, que terão como tema central o livro. A Semana é promovida pela Secretaria da Cultura do Estado, em parceria com a Sociedade Amigos da Biblioteca Pública, Conselho Regional de Biblioteconomia, Associação dos Bibliotecários do Ceará e UFC.
Às nove horas de hoje, começam as oficinas. No salão de eventos, ''Cantos e encantos da leitura: criando e contando histórias'', com a professora Rute Pontes, do Proler. Na sala de multimídia, no mesmo horário, a professora da UFC Ana Maria Sá aborda o tema ''O portifólio como instrumento de dinamização da leitura''. No setor infantil, o poeta Ítalo Rovere ensina como fazer um livro e contar histórias. Às 15 horas, será a abertura oficial da Semana, com apresentação do Coral da Uece. Em seguida, mesa-redonda formada por Fabiano dos Santos (coordenador de Políticas do Livro e Acervos da Secult), Ana Maria Sá, da UFC, e o assessor da Funcet, teatrólogo Karlo Kardozo, discute as políticas de leitura. Às 18 horas, o momento literário será a apresentação dos cordéis premiados pelo I Edital de Incentivo às Artes do Ceará.
Na terça-feira, a programação também começa cedo, às oito da manhã, com a recepção do público feita pelo grupo Casa do Conto, à frente, o escritor Almir Motta. Entre as oficinas do dia, destaque para a de cordéis, com o poeta Guaipuan Vieira. O mini-curso terá participação da professora Thereza Neumann, que falará sobre o centro da cidade. Na sala de vídeo, a educadora Eugênia Tigre apresenta a Agenda XXI e a Carta da Terra. A mesa-redonda aborda o tema ''Biblioteconomia no Ceará''. A parte artística fica a cargo do grupo Palavra Líquida, com recital poético. E, às 18h, o jornalista Cid Carvalho palestra sobre livros e leitura. Ainda na programação da Semana, oficina de fanzines, com Fernanda Meireles, contadores de histórias, novas tecnologias, leitura em meio eletrônico, oficinas de origami, entre outras variadas atrações.
Entre os palestrantes convidados, estarão Blanchard Girão, Nirez e Fausto Nilo que, juntos, vão desvendar os meandros da cidade - em seu aspecto de notícia, memória e arquitetura. No último dia, quinta-feira, apresentação do grupo Tapera das Artes, de Aquiraz. Para os vestibulandos, uma palestra-aula com o professor Carlos Augusto Lima, que vai destrinçar o livro Os Bruzundangas, de Lima Barreto, indicado ao vestibular da UFC.

SERVIÇO

Semana Nacional do Livro e da Biblioteca - de hoje a 27 de outubro, na Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel (av. Presidente Castelo Branco, 255, vizinho ao Dragão do Mar). Horário: 8h às 18h. Inf.: 3101.1165.  Fonte: Vida & Arte -O Povo Online

LANÇAMENTO DE LIVRO

  Jurandi Vieira lança o livro "Retalhos em Prosa e Verso"O poeta e escritor Jurandi Vieira lançou mais uma obra literária: Retalhos em Prosa e Verso, em sua segunda edição aumentada. Segundo o crítico literário Carlos Said, "Jurandi Vieira é dono de uma poesia livre, sem arroubos da crítica literária". A apresentação do livro é de Francisco de Paula Silva Filho (professor graduado em Licenciatura Plena em Letras/Português) e apresentador do Programa Avenida da Saudade, na Rádio Marathaoan FM. Sobrinho do poeta, folclorista e tupinólogo Hermes Vieira, Jurandi Vieira nasceu em Teresina mas escolheu a "Terra dos Governadores" para morar e amar. Veja o flog da Academia de Letras do Vale do Longá, clique no link seguinte: www.vibeflog.com/alval  Fonte: Reginaldo Barros Torres


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

“LULA, UM OPERÁRIO NO PODER”

O cordel conta a vida de Lula

O poeta cordelista, Guaipuan Vieira, foi rápido e elaborou o primeiro cordel cearense sobre o novo presidente do Brasil: Luiz Ignácio Lula da Silva. O cordel, denominado “Lula, um Operário no Poder” conta em sextilhas a trajetória de Lula- desde crianças, quando com a mãe, saiu de Pernambuco em um pau-de-arara rumo a São Paulo, em busca de uma vida melhor, em 1956, até a sua esmagadora vitória no último domingo Guaipuan realizou uma minuciosa pesquisa. Há cinco anos, ele estuda a vida de Lula com o objetivo de escrever um folheto bem fundamentado. Um trabalho que, através da poesia popular, contasse a história de um menino nordestino que, quase morreu de fome, sobreviveu e tornou-se presidente do Brasil com a maior aclamação popular já vista em todo o mundo.O cordel lembra a triste sina de Lula ainda criança. Menino pobre em São Paulo foi engraxate, trabalhou numa tinturaria e, aos 14 anos, teve pela primeira vez a carteira assinada, quando trabalhou numa metalúrgica. Depois de concluir o curso de Torneiro Mecânico do Senai, Lula passa a trabalhar numa metalúrgica um pouco melhor - a Aliança -, onde, por falta de segurança no trabalho, decepou seu dedo mindinho num torno mecânico. Foi quando um colega seu/Deu um cochilo profundo/Nisso a prensa transversal/Decepava em um segundo/Um dedo mínimo da mão/Da dor indo ao outro mundo. Fonte: Diário do Nordeste

terça-feira, 24 de novembro de 2009


Cecordel faz intercâmbio com a Universidade de Coimbra - O Centro Cultural dos Cordelistas do Nordeste - Cecordel, entidade fundada na década de 80, em Fortaleza-CE, e que durante estes 22 anos, vem desenvolvendo várias atividades, como exposições, feiras, participações em bienais do livro, edições de folhetos, chega também em Portugal. (Foto de alunas de mestrado pesquisando cordel) A professora de literatura, Sharleny Vieira, coordenadora de projetos sociais envolvendo o cordel, e relações públicas do Cecordel, recentemente esteve na Europa(Portugal e Itália). Em Portugal, firmou intercâmbio cultural na mais antiga das universidades portuguesas(Coimbra) e também a mais conhecida e reconhecida internacionalmente e uma das mais importantes instituições nacionais. Sharleny foi bem recebida naquela instituição de ensino superior. (Foto à acima com o professor João Paulo Moreira), chefe de Gabinete do Reitor Seabra Santos. A professora Sharleny foi surpreendida com alunos do curso de mestrado estudando cordéis de seu pai, o poeta Guaipuan Vieira e do poeta cearense Jotabê. Professora, Dra. Maria Apreciada Ribeiro, responsável pelo curso de mestrado daquela instituição de ensino(na foto à direita), enfatizou: "os cordéis passarão a fazer parte da Biblioteca Especializada de Estudos Brasileiros". Segundo a professora Sharleny "o Cecordel desde já se sente bastante honrado em colocar obras de alguns dos seus poetas para contribuir com a valorização desta literatura, riqueza cultural do povo português que o Brasil herdou". Para o secretário do Cecordel professor Gerardo Carvalho Frota(Pardal)," é o nosso lisonjeio pela oportunidade de iniciarmos, através da professora Sharleny, um intercâmbio, por meio do qual podemos enriquecer nossa literatura pela troca de experiências". (Fonte: Rádio Poran)
Galeria dos Imortais do cordel


Cuíca de Santo Amaro -As notícias que temos sobre as origens do cordel brasileiro são datadas entre 1898 a 1903. Dois grandes nomes disputam o título de primeiro cordelista brasileiro: Leandro Gomes de Barros e Silvino Pirauá de Lima, dois paraibanos. O primeiro meado do século XX foi decisivo para o crescimento do cordel no Brasil, milhares de poetas estavam registrados em ordens, associações e academias de cordelistas, violeiros e trovadores. Na Bahia foi justamente nesse período que surgiram Cuíca de Santo Amaro(foto) e Rodolfo Coelho Cavalcante. O primeiro, um baiano que, ao contrário do nome, nasceu em Salvador; o segundo, um alagoano que abaianou-se definitivamente. Outros poetas que publicaram anteriormente ou foram seus contemporâneos não ecoaram nos registros disponíveis.

Mestre Lucas Evangelista, ainda na infância teve contato com a Literatura de Cordel através de seus pais que gostavam de cantar e recitar histórias tradicionais. Residindo em Fortaleza iniciou a vida de vendedor de folheto de cordel e violeiro, fazendo a sua primeira apresentação na Praça dos Leões. Depois, na companhia do irmão, Pedro Evangelista, também poeta e repentista, passou a cantar em outras praças da capital, daí para o interior e outros estados. Publicou centenas de folhetos de cordel, alguns pelo CECORDEL, na década de 90. Também gravou centenas de canções e poemas de cordel. Hoje boa parte de sua produção poética está gravada em discos, fitas K-7 e Cds. A origem popular de suas canções levaram cantores como Frank Aguiar e grupos como Calango Aceso, Mastruz com Leite a gravarem suas músicas e poemas. Boa parte de suas histórias em Cordel foram publicadas pela Editora Luzeiro que tem distribuição nacional. Atualmente vem se apresentando ao lado da veleira Luzia Dias já tendo, com ela, gravado alguns CD's .

José Gentil Girão-Seu Ventura(1910-1984), um exímio cordelista, de temática acentuada aos Ciclos: político e social; histórico e circunstancial; de amor e de fidelidade. Seu Ventura publicou vários títulos, um desses em parceria com Antonio Ribeiro Marciel, “Sofrimento, amor e vitória”, (História do filho que passou 7 anos sem dar notícias ao seu pai). Edição SECULT/ CERES/ Editora Henriqueta Galeno -1981. Não há registro mais aprofundado desse vate popular. O conheci na Praça José de Alencar, centro de Fortaleza, vendendo seus cordéis. Sabe-se que após seu falecimento, 8 poetas cordelistas prestaram-lhe homenagem através do folheto A MORTE DE UM POETA, publicado no Rio de Janeiro em 1984, por Raimundo Santana Helena. "Seu Ventura" foi um dos primeiros poetas que mantive contato, quando cheguei na década de 70 capital alencarina. Texto: Guaipuan Vieira - do livro Veredas do Cordel

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DO CENTRO CULTURAL DOS CORDELISTAS
DO NORDESTE-CECORDEL
QUEM SOMOS

Uma entidade jurídica, sem fins lucrativos, que luta pela preservação da originalidade do cordel. Surgiu em Fortaleza-CE, em meados de 1987, através de um Movimento Cultural de poetas populares, JOÃO AMARO, AFONSO NUNES VIEIRA, OTÁVIO MENEZES, GERARDO CARVALHO(PARDAL), JOSÉ CAETANO, VESCÊNCIO FERNANDES e GUAIPUAN VIEIRA, este à frente, nasceu o CENTRO CULTURAL DOS CORDELISTAS DO NORDESTE–CECORDEL. Veio alavancar esta literatura para todo o Brasil, que até então agonizava no anonimato espúrio. “...Pode-se afirmar que o quadro seria o mesmo se não tivesse progredido o projeto de um grupo de ainda anônimos poetas, resolvidos a enriquecer a História da Literatura de Cordel, criando uma nova entidade. Um tipo de associação de poetas que viria assumir, de fato, o compromisso de criar suportes de apoio ao folheto popular e, conseqüentemente, ao cordelista, num momento em que os organismos então existentes, com tais finalidades, estavam falidos”.Fonte: Jornal Tribuna do Ceará, 20/08/1995

No dia 3 de abril de 1987, o cordelista Guaipuan Vieira com o propósito de expandir cada vez mais a literatura de cordel nordestina, que até então estava sumida do cenário cultural do Estado, lançou a idéia de expor uma Amostra de folhetos na ASSEFAZ GALERIA DE ARTE,situada no saguão principal do prédio do Ministério da Fazenda, em Fortaleza., em comemoração à Semana do folclore. Garantido o apoio pelo presidente daquela Fundação, Dr. Everardo de Pinho Vieira,Guaipuan procurou também o Centro de Referência Cultural-CERES-da Secretaria de Cultura, Desportos e Turismo, da Academia Brasileira de Cordel, da Associação dos Cantadores do Nordeste, da Fundação Rodon e da Pró-reitória de Extensão da U.F.C. No dia 1º de maio de 1987, às dez horas, Guaipuan reuniu-se na sala de reuniões do Projeto Rondon, com representantes das Entidades Culturais do Estado do Ceará: Academia Brasileira do Cordel, representada pelo seu secretário, o pesquisador F.S.Nascimento; o CERES na pessoa do seu Diretor, o poeta Francisco Otávio de Menezes; Associação dos Cantadores do Nordeste, representada pelo seu primeiro secretário(hoje presidente), o poeta Dimas Mateus, Projeto Rondon, representado pelo seu diretor de promoções culturais, o poeta Vescêncio Fernandes. Ali estava oficializada a I Exposição de Literatura de Cordel do Estado do Ceará, e uma feira de cordel, com a participação de cantadores, emboladores, cordelistas e aboiadores. Na oportunidade, Guaipuan lançou a idéia da criação da Fundação Cultural dos Cordelistas do Ceará, que mais tarde veio a denominar-se Centro Cultural dos Cordelistas do Ceará-CECORDEL, hoje, Centro Cultural dos Cordelistas do Nordeste. E no dia 14 de agosto de 1987, criou, com um grupo de cordelistas, o Estatuto da nova e pioneira entidade no Brasil, na Casa de Juvenal Galeno, situada na rua Gen. Sampaio,1128-Centro. Em agosto, no dia 21, às vinte horas, teve abertura a EXPOSIÇÃO, I Amostra Oficial de Literatura de Cordel do Ceará, na ASSEFAZ GALERIA DE ARTE que permaneceu aberta ao público até o dia 31 de agosto. Essa entidade vem realizando Exposições,feiras de cordéis em Praça pública,debates em Colégios, Universidades, além de manter com o patrocínio da Fundação Demócrito Rocha e Fundação Cultural de Fortaleza a BANCA NACIONAL DO CORDEL(foto), sendo a pioneira nesse gênero, situada no Largo dos Correios-Centro.
Informa Gerardo Carvalho Frota ( Pardal )