terça-feira, 26 de março de 2013

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
ESTUDA CORDEL


A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e Coordenadoria de Gestão da Educação Básica (CGEB), lançou em 2011 o Programa “Educação – Compromisso de São Paulo”, que deu origem a um conjunto de ações para retomar e aperfeiçoar as orientações referentes aos materiais de apoio ao currículo, entre elas, o projeto denominado “São Paulo faz escola”, que resultaram na proposta de revisão de materiais, denominados Caderno do Professor e Caderno de Atividades do Aluno. O estudo prefaz um período de cinco anos, compreendendo 2013 a 2017 e estão inseridos textos da literatura de cordel, poesia narrativa de representação social, íntima com a história e emissor didático-pedagógico da Língua portuguesa. Um dos cordéis estudados é A chegada de Lampião no Céu, de autoria do poeta Guaipuan Vieira. A Fundação Carlos Alberto Vanzolini, contratada pela Secretaria da Educação para responder pela gestão operacional do projeto esclarece que a tiragem estimada por ano, para o professor é de 10 mil exemplares, acrescido do Caderno do Aluno, de 500 mil exemplares. As edições serão impressas e disponibilizadas no site da Secretaria da Educação, com acesso restrito a professores e alunos da rede pública. Eis as estrofres deste clássico da literatura de cordel:

Foi numa Semana Santa
Tava o céu em oração
São Pedro estava na porta
Refazendo anotação
Daqueles santos faltosos
Quando chegou Lampião.

Pedro pulou da cadeira
Do susto que recebeu
Puxou as cordas do sino
Bem forte nele bateu
Uma legião de santos
Ao seu lado apareceu.

São Jorge chegou na frente
Com sua lança afiada
Lampião baixou os óculos
Vendo aquilo deu risada
Pedro disse: Jorge expulse
Ele da santa morada.

E tocou Jorge a corneta
Chamando sua guarnição
Numa corrente de força
Cada santo em oração
Pra que o santo Pai Celeste
Não ouvisse a confusão.

quinta-feira, 14 de março de 2013
















14 DE MARÇO, DIA NACIONAL DA POESIA
HOMENAGEM AO NASCIMENTO 
DO POETA CASTRO ALVES
PARA MELHOR SAUDAR OS NOSSOS IRMÃOS POETAS, UMA ESTROFE DO POEMA O VIDENTE, DE CASTRO ALVES.
Às vezes quando à tarde, nas tardes brasileiras,
A cisma e a sombra descem das altas cordilheiras;
Quando a viola acorda na choça o sertanejo
E a linda lavadeira cantando deixa o brejo,
E a noite - a freira santa - no órgão das florestas
Um salmo preludia nos troncos, nas giestas;
Se acaso solitário passo pelas picadas,
Que torcem-se escamosas nas lapas escarpadas,
Encosto sobre as pedras a minha carabina,
Junto a meu cão, que dorme nas sarças da colina,
E, como uma harpa eólia entregue ao tom dos ventos
- Estranhas melodias, estranhos pensamentos,
Vibram-me as cordas d'alma enquanto absorto cismo,
Senhor! vendo tua sombra curvada sobre o abismo,
Colher a prece alada, o canto que esvoaça
E a lágrima que orvalha o lírio da desgraça,
Então, num santo êxtase, escuto a terra e os céus.
E o vácuo se povoa de tua sombra, ó Deus! (...)

O poeta Helder Campos, homenageia os poetas com este poema, DIA NACIONAL DA POESIA. Segundo ele, esses vates são os legítimos representantes do amor, dos sonhos e das fantasias.

Hoje o dia é consagrado
À arte de versejar
Emocionando a quem ama
Ou a quem anseia amar
Um ir e vir de emoções
Num gostoso suspirar.

A poesia manifesta
Um inegável sentimento
Onde o poeta descreve
Seu mais profundo momento
Quer versejando alegria
Ou externando um lamento.

Não importa qual o gênero
Que o poeta é fiel
Se soneto ou verso clássico
Se rima livre ou cordel
O importante é premiar-nos
Com o seu vasto plantel.

Justíssima essa homenagem
Dada a esses sonhadores
Criadores de quimeras
Ou de utópicos amores
De tormentos incontidos
E tão infindáveis dores.

(14 de março de 2013)

quarta-feira, 13 de março de 2013

    O poeta Guaipuan Vieira, com este seu Adagiário no Cordel, presta uma justa homenagem a Leonardo Mota, cearense de Pedra Branca (1891-1916). Leota como era chamado pelos poetas populares, descreve seu grande legado à cultura brasileira:  " Fui um intransigente na defesa do sertão esquecido, do sertão caluniado e só lembrado quando dele se quer o imposto nos tempos de paz ou o soldado nos tempos de guerra. E fui sobretudo, contra o labéu de cretinice do sertanejo nordestino que orientei a minha documentada contradita: em todo o meu "Cantadores" e nas conferências que proferi, de Norte a Sul, pus o melhor dos meus empenhos em fazer ressaltar a acuidade, a destreza de esperíto, a vivacidade da desaproveitada inteligência sertaneja, de que os menestréis plebeus são a expressão bizarra e esquecida, apesar de digna de estudos." Outro grande estudioso, o professor Luiz da Câmara Cascudo, diz: em qualquer parte do Brasil onde estivesse ressuscitava o Nordeste como nenhum escritor poderia fazer ou outro artista tentar. Não era o Embaixador, mas a própria Terra com a gente palpitante... São essas vozes e essa gente que manterão Leonardo Mota contemporâneo e vivo no espírito do povo brasileiro, na legitimidade verídica de sua cultura."

Para o doutor folclorista
Eu presto a minha homenagem,
Neste folheto de feira,
Que também é reportagem
Já foi jornal do sertão
E preserva sua bagagem.

Pois vovó sempre falava,
Nesse doutor folclorista,
Que em certa ocasião
Foi-lhe fazer entevista,
Em Currais no Piauí,
Na fazenda Boa Vista.

Ela pitando o canimbo,
Os adágios nos dizia:
"Cachorro que acua alma
Não é boa freguesia
É como mulher que trai
O marido à luz do dia".