domingo, 31 de março de 2019

Em 1964, eu tinha 13 anos e acompanhava meu pai, o poeta Hermes Vieira (in memoriam),até a sede do DNERu( Departamento Nacional de Endemias Rurais, em Teresina -PI), Repartição pública onde ele trabalhava. Uma parada na condução, outra ali, logo chegávamos ao coração da Cidade Verde. Descemos na Praça Pedro Segundo, logradouro de comunhão da população, por se localizar o famoso Theatro 4 de Setembro, além do Cine Rex e do Bar Carnaúba, onde intelectuais buscavam subsídios para a crônica da cidade. Do lado nascente, a sede do Quartel da Polícia Militar estava tomada por tropas do exército. Seguimos na Avenida Antonino Freire. Logo nos aproximamos do Palácio Karnak, sede do governo do Estado, também sob guarnição do exército. À frente, avistamos a igreja de São Benedito, localizada na Avenida Frei Serafim. No alto da torre, um canhão apontava para a Praça Pedro Segundo. Meu pai falou baixo:“A coisa vai longe!”  Eu calado, observava a igreja fechada e o canhão ocupando o lugar dos sinos. Somente a cruz permanecia solitária, como em protesto àquele ato anticristão. Depois deste passeio histórico, em casa comecei a rabiscar num caderno, as ideias. Escrever um verso em protesto àquele Movimento Revolucionário, era o que eu queria. Texto de Guaipuan Vieira

terça-feira, 26 de março de 2019

Na manhã de quinta-feira
Uma ordem de prisão
Fez repórter se apressar
Para ter boa narração
Na manchete escolhida
Feita em primeira mão.
 
O juiz Marcelo Bretas
De uma Vara Federal
Lá do Rio de Janeiro
Cumpriu um ato normal
Mandou prender Michel Termer
Por ter conduta imoral.
 
Uma prisão preventiva
Foi ordem desse mandado
Que diz que o ex-presidente
É chefe de bom agrado
De um grupo de criminoso
No Rio, esse grande estado.
                   
Temer estava em São Paulo
Em sua boa residência
No horário da manhã
Nove horas, com urgência
Foi saindo pro escritório
Viu a policia em diligência.
              
A prisão surpreendeu
Aquele ex-presidente
Ao ver seu carro fechado 
Sem poder ir mais à frente
Mas logo foi informado
Pela polícia presente.
 
Ali mesmo em seu veículo
Guiado por motorista
Pra o Aeroporto de Guarulhos
Sem poder fugir na pista
Um exame de delito
Foi fazer com um legista.
 
Enquanto o procedimento
Na capital bandeirante
No grande Rio de Janeiro
Teve polícia atuante
Prendendo Moreira Franco
Do crime participante.
                 
Quinto ex-governador
Tendo  prisão decretada
Na missão da Lava Jato
Que faz árdua empreitada
Combatendo o corrupto
No Brasil nação mudada.
 
Um outro que é braço forte
De Temer o ex-presidente
Seu grande amigo João Lima
Coronel que está doente
Por ter negocio em propina
Foi pra prisão novamente.
 
Foram presas dez pessoas
Na Operação Lava Jato
Lá do Rio de Janeiro
Desarticulado no ato
Um esquema criminoso
Constando até peculato.
 
Sobre Temer grande chefe
Da quadrilha de propina
Pra capital carioca
Foi cumprir a triste sina
De meditação na prisão
Escola que o mundo ensina.
                
Seus crimes investigados
São lavagem de dinheiro
Também desvios de fundo
Entre um outro costumeiro
Praticado há muitos anos 
                           Com cada um companheiro.                  

Para o Ministério público
Federal a grave ação
É Temer desde de oitenta
Se mantém na atuação
De uma rede de propina
Com uma vasta dimensão.
 
Somando os desvios feitos 
Fruto de corrupção 
Mais de um bilhão e meio
Que essa organização 
Desviou do erário público 
Em toda sua atuação.
 
Mas a quadrilha de Temer
Tendo peculiaridade 
Pouco tempo na prisão 
Já se encontra em liberdade
Para ostentarem seus crimes
No Brasil da impunidade.
 
Os pesos têm as medidas 
Na justiça brasileira:
Temer solto e Lula preso
Qual a prisão verdadeira?
O povo sabe a razão 
Pra o Lula é perseguição  
Não existe outra maneira.
 
 


terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

BRUMADINHO-MARCAS APOCALÍPTICAS DO SÉCULO XXI

                         Lágrimas de uma tragédia    
No solo são derramadas
Que entre o luto, sobre pranto
Muitas ações são formadas
Mas a dor de entes queridos   
São marcas nunca apagadas.

Sei que o tempo está mudado
Ninguém vê nem quer saber,
O egoísmo é bem mais forte
Quem vale sempre é o poder
E a alma presa na fúria
Constrói o seu padecer.

A sede pelo poder
Gera desastre e conflito
Quem mais sofre é o inocente
O efeito de cada atrito
Sendo vítima do descaso
Tem seu direito restrito.
               
Brumadinho mostra ao mundo
A tragédia pavorosa
Origens de uma ganância
Mente impura e criminosa
Que alimentava o descaso
Para esta cena penosa.

Não existe um só culpado
Pra tragédia anunciada
Mas um grupo formador
Tendo mente alienada
Olhando só para si
E ao próximo não vê nada.
             
Há três anos houve o crime

Da barragem do Fundão

Tendo vítima fatal

Com forte destruição 
Lá na velho Mariana
Coberta de solidão.


E até hoje aquela gente
Não tem a sua morada
Só promessas que se vão
Pelo tempo carregada
Como os sonhos que se foram
Naquela tosca enxurrado.
                
O cenário se repete
Entre vozes de clemência,
Desta vez mais agravante
Em razão de negligencia
Da Vale que foi culpada
Do episódio sem decência.

Brumadinho enluteceu
Entre uma hora amargada
Que o rio Paraopeba
Chora a tragédia formada
Velando sobre seu leito
A vítima sepultada.

Aqueles aís de tristeza
De criança, jovem e idoso
Arrastados pela lama
Foi cenário tenebroso 
Que feriu almas sensatas
Menos a do criminoso. 
 
O órfão espiando o tempo 
No olhar tristonho e cansado
Vê o corro com passageiro
Ele sendo soterrado
Naquela viagem sem volta
Pagando pelo culpado(...)



quarta-feira, 9 de janeiro de 2019




 O poeta palmaciano Hélder Campos lança seu novo cordel, homenageando a professora a  jornalista cearense Adísia Sá. É um cordel biográfico que narra a trajetória de  ADÍSIA SÁ – A DAMA DO JORNALISMO CEARENSE

Foi no ano de vinte e nove,
Que Cariré a cidade,
Há tantos anos nos deu,
Uma mulher de verdade,
De cultura inenarrável,
Ser humano inestimável,
De plena capacidade.

Adísia Barros de Sá.
De TV, apresentadora,
Radialista, filósofa,
Também hábil redatora,
Escritora e jornalista,
Dama cheia de conquista,
Verdadeira vencedora.

Essa grande professora,
Tem a luta como história,
É sinônimo de garra,
Isso ela traz na memória,
Formada em Filosofia,
Adísia diz com alegria,
Para ela é justa glória.

Foi a Sereia de Ouro,
Prêmio a ela foi concedido,
Até hoje Adísia guarda,
Esse troféu recebido,
Com forte orgulho em seu peito,
Pois sempre agiu com respeito,
Durante o tempo vivido.

No ano de noventa e três,
Recebeu outra homenagem,
De Fortaleza, a cidade,
Enriquecendo sua imagem,
À Adísia condecorando,
Essa mulher consagrando,
Por sua vida de coragem.

Maranguape e Mossoró,
Tiveram a mesma atitude,
Mostrando à sociedade,
A gigantesca virtude,
Da ilustre radialista,
Astuta a perder de vista,
Em toda sua plenitude.

Recebe em noventa e oito
A bela premiação
Do Sistema Verdes Mares
Pela sua atuação,
De notável jornalista,
Nessa área, brilhante artista,
Grata condecoração.

Junto com vários colegas,
Foi também a precursora,
Do curso do Jornalismo,
Uma tenaz defensora,
Vários cargos ocupou,
Diversos livros lançou,
A intrépida professora.

Paralelo ao seu trabalho,
Adísia Sá publicou,
Treze livros importantes,
Para o país divulgou,
Na área de literatura,
Demonstrando essa cultura,
Que sempre se observou.

Recebe em dois mil e treze,
A Insígnia da abolição,
Do governo estadual,
Bela condecoração,
Justíssima homenagem,
Valorizando sua imagem,
No cearense rincão.
  
Segundo a própria escritora,
Ela veio reviver,
Histórias de seu passado,
Para o leitor bem saber,
Fatos poucos conhecidos,
Por Adísia Sá, vividos,
E nos pôde oferecer.

Foi bem fácil versejar,
Sobre essa grande pessoa,
Personagem de renome,
Que não é querida a toa,
Mulher simples, dedicada,
Pelos amigos, amada,
E a quem Jesus abençoa.


Acesse: http://www.cecordel.com.br/


quinta-feira, 6 de dezembro de 2018


O CORDEL

• Prof. Oswald Barroso

Cordel O cordel, por questão de origem, é reconhecido como forma de expressão oral. A oralidade está presente na sua formação, só podendo ser concebido em função da palavra falada. Sempre foi indiferente ao formalismo da escrita. O cantador foi o grande divulgador desse tipo de poesia popular. Depois que passou a ser impressa, juntou-se a ele nessa missão, o folheteiro, que fazia a propaganda dos poemas com o recurso da voz, no meio do povo, nas feiras, nos mercados, nas praças. Poesia narrativa, impressa e popular. Foi esta a definição mais ampla de sentido, embora reduzida de palavras, que resultou de uma conversa entre dois estudiosos do Cordel, Veríssimo de Melo e Raimond Cantel, num ciclo de debates sobre Cordel, promovido em Fortaleza, no ano de l976. Se algum reparo precisa deve ficar por conta da palavra “popular”, sob revisão atualmente em face da dificuldade de se determinar, com precisão, o marco fronteiriço com o 'erudito', num mundo de comunicação globalizada, onde estas estruturas se ramificam cada vez mais. Enquanto não se chega a uma conclusão vamos nos amparar neste conceito advertindo, entretanto, sobre essa moderna cumplicidade entre o 'popular' e o 'erudito'. Problemática à parte o Ceará continua sendo um dos importantes centro produtores de folhetos de cordel do Nordeste, tendo algumas cidades da região do Cariri, além de Fortaleza, como referencia em termos quantitativos. Muito embora as citadas regiões se destaquem por força de valores culturais enraizados, a Literatura de Cordel se faz presente, hoje, em praticamente todo o Estado, sendo difícil encontrar um município que não tenha o seu poeta de cordel. O caso de Juazeiro. É tradição cuja história passa, necessariamente, pelo Cariri tendo Juazeiro do Norte como centro de convergência desde quando o alagoano José Bernardo da Silva, alí estabeleceu negócio voltado para a indústria gráfica com especialidade em folhetos de Cordel, passando a dominar, por quase três décadas, o mercado nordestino de folhetos, antes promissor em outros estados da região. Foi tempo bastante para ensejar um forte núcleo disseminador dessa poesia, amparada pela tendência natural do Cariri sempre rico em manifestações culturais de caráter popular. Em Juazeiro vamos encontrar todos os referenciais históricos que marcam a enorme contribuição que deu ao Cordel sem esquecer que ainda hoje persiste como centro criador e difusor da poesia popular, onde se enquadram
_____________________
• FONTE: Sinf Secult(Sistema de Informação da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará). Relatório de Listagem de Patrimônio Imaterial. (www. sinf.secult.ce.gov.br)

nomes como Abraão Batista, os irmãos Bandeira, Hamurabi Batista , Francisco Zênio, entre outros. Há alguns anos foi criada a Sociedade dos Poetas Malditos, que reune, entre poetas de verso livre, alguns cordelistas da nova geração juazeirense. Na vizinha cidade do Crato o movimento em torno do Cordel ganhou reforço depois da criação da Academia do Cordel do Crato composta por 25, poetas, tendo à frente o cordelista William Brito A cidade de Potengi vem dando sinais de vitalidade com a criação da Academia dos Cordelistas de Potengi, instituída em 2005, agasalhando l5 cordelistas, tendo à frente Marco Aurélio Rodrigues. Virando o mapa, seguindo para Itapajé vamos encontrar outro núcleo promissor, implantado por Francisco Sérgio Magalhães, artista, poeta de cordel, com vários folhetos editados e um trabalho cultural bem articulado nas escolas da comunidade, envolvendo poesia popular, xilogravura, música, teatro de rua e circo. Fortaleza, enquanto cidade metropolitana aglutinadora de movimentos artísticos de natureza diversa, acolhe grande número de cordelistas os quais participam ativamente através de entidades como o Centro Cultural dos Cordelistas do Estado do Ceará – CECORDEL, cujas reuniões são realizadas aos primeiros sábados de cada mês, na Casa de Juvenal Galeno. A Academia Brasileira do Cordel – ABC, a Tupynanquim Editôra e a Sociedade dos Poetas de Maracanau – SOPOEMA. Em torno dessas entidades circulam poetas experientes como Guaipuan VieiraPaulo de TarsoGerardo Carvalho Frota (Pardal)João Batista Fontenele (Jotabê)Otávio Menezes, Lucarocas, Chico Salvino, Vânia Freitas, José Furtado, Édson Neto, Pedro Paulo Paulino, Klevisson Viana, Rouxinol do Rinaré, Francisco Ribeiro, Jesus Rodrigues Sindeaux, Arievaldo Viana, Vidal Santos, Zé Maria de Fortaleza, entre outros. Sem ligações diretas com entidades podemos citar os nomes de Jair Moraes, Marcos Silva, José Leite de Oliveira Junior (Leite Jr.), Fernando Paixão, José Anchieta Dantas Araújo e Gadelha do Cordel. Independente de vinculações institucionais todo esse movimento abriu caminho para ampliar o comércio do folheto de cordel, iniciado, em Fortaleza, no final da década de 80, pelo mencionado Cecordel quando instalou, no centro da cidade, uma banca especializada em folhetos. A iniciativa foi seguida pelos integrantes da Tupynanquim que mantiveram, durante algum tempo, um grande acervo de folhetos para vendas num quiosque de atendimento ao turista, administrado pela Prefeitura, na Praça do Ferreira. Esse ponto foi desativado pela Prefeitura mas um variado sortimento de folhetos de cordel, da produção local, pode ser encontrado em bancas de revistas no centro da cidade entre as quais a Banca do Humor, na referida praça. A Tupynanquim optou pela comercialização avulsa espalhando seus produtos por bancas de jornais e mantendo presença sistemática nos principais eventos culturais de Fortaleza e de outros estados. O Cecordel mantém um ponto de venda, a “Banca Nacional do Cordel”, instalado, com apoio da Fundação Demócrito Rocha, no Largo dos Correios, mas já apresenta sinais de decadência não tendo ali, pelo que se observa, o grosso da produção local e há muito não consta em suas prateleiras trabalhos dos próprios poetas que são membros da entidade.