O poeta cordelista José Saldanha Menezes Sobrinho, ou Zé Saldanha, faleceu na tarde de ontem, aos 93 anos de idade, vítima de complicações de uma cirurgia do intestino. Zé Saldanha estava internado desde o dia 10 de julho no Hospital São Lucas. Zé Saldanha nasceu em 23 de fevereiro de 1918, na fazenda Piató, município de Santana do Matos. Publicou mais de 200 livretos de cordel, livros em prosa, e quase mil folhetos. O primeiro folheto foi O preço do algodão e o orgulho do povo, publicado em 1935, aos 17 anos. Ele também criou a Associação Estadual dos Poetas Populares do Rio Grande do Norte (AEPP), em 1975, agregando repentistas, emboladores de coco, aboiadores, glosadores e poetas de cordel, entre outros artistas. Em 1993, foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira dos Estudos do Cangaço (SBEC). Seu corpo está sendo velado no Cemitério Morada da Paz e será sepultado hoje (10/08), às 11h.
"Na minha época passada
Namoro foi sacrifício;
A moça num edifício
E pelo pai vigiada
Pra poder ser namorada
Pedia licença aos pais
Hoje a moça e o rapaz
Vão se abraçar, se beijar
O mundo só veio prestar
Quando eu não prestava mais."
"Meu tempo foi diferente
Digo porque me convém;
As moças queriam bem
Mas tinham medo da gente
Todo pai era valente
Hoje perderam o cartaz
A filha sai com um rapaz
Beber, namorar, farrar
O mundo só veio prestar
Quando eu não prestava mais."
Fonte: Tribuna do Norte
Para Guaipuan Vieira, a morte do poeta é uma visão sintética e objetiva, é a realidade circunstante e transcendental... é mais uma reportagem lírica expressiva, com grandes concentrações de sentimento e pensamento, deixando lugar à meditação.
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