O poeta, cordelista e produtor cultural Vescêncio Fernandes (foto) foi, sem dúvida alguma, um dos melhores amigos que arranjei nesta minha trajetória de tantas lutas e conquistas.
Morador do Presidente Kennedy, ele apareceu na minha vida no final da década de 80, quando eu fazia parte do movimento cultural do Pirambu, e, a partir daí, passamos a elaborar vários projetos em conjunto, dos quais destaco os lançamentos do LP “Festa de Arromba Cearense”, do CD “Outros Caminhos”, das revistas “Varal” e “Muro-Baixo” e, principalmente, do JPA – Jornal Parque Araxá, que em agosto vindouro estará completando 14 anos de circulação.
De uns tempos para cá, após o falecimento de sua genitora, Vescêncio ficou recluso em casa, cuidando com muito amor e carinho do irmão Marcelo, que sofre de paralisia cerebral.
Não foi acaso, portanto, que fiquei tão chocado com o seu falecimento, ocorrido na sexta-feira passada, vitimado por uma queda que resultou em traumatismo craniano.
É que, com ele, aprendi o verdadeiro sentido da palavra AMIGO!
Que Deus o guarde em um bom lugar.
Por Juracy Mendonça
Alguém na cidade grande - Por Guaipuan Vieira(*)
De repente, alguém na cidade grande entre transeuntes diminui os acelerados passos e, num banco da Praça, extasia o vai-e-vem, o agito dessa massa que sobrevive à política social do país. Dominado pela forte emoção articula as idéias que vão surgindo sem perceber que chamava a atenção de populares. Indagações eram formuladas entre curiosos: ”Louco?! - Desempregado?!” Não, ali estava um poeta e filósofo estudando o aspecto físico e cultural da terra e da gente. Um sonhador que passa para o papel mensagens que formam estórias, teorias que subsidiam teses, as quais reverenciam valores à margem do reconhecimento cultural.
Nascia diante disso, a REVISTA VARAL, à frente VESCÊSCENCIO FERNANDES. Embora sobre pressões dos que somam fracassos por lhes faltar o idealismo, elevou-se ao princípio ético da conciliadora vontade de seu eu afugentando os lacraios travestidos de ideologias ultrapassadas do estar da era atual.
VARAL há muito deixava de ser um acontecimento. Era um fato que ampliava o conceito da liberdade de criação. Era um espaço cultural descobridor de novos valores da terra alencarina, e sobretudo uma obra paradidática porque nela encontrávamos elementos que autenticava esse gênero. Sua 17ª edição conjugava o compromisso assumido por toda a equipe, no sentido de galgar êxito maior, e por vista já atingia, porque ao longo das inúmeras edições recebia inúmeros elogios de intelectuais de diversos estados da federação brasileira.
A luta não parava. VARAL arregaçava a produção na eloqüência e na espontaneidade de oferecer cada vez mais ao leitor uma Revista de temática literária, observadora da constatação da arte, preocupada com o intelecto da nova geração. Como diz o poeta e professor Gerardo Carvalho (Pardal), “é um dos poucos veículos de comunicação alternativa que se dedica especialmente a cultura em nosso Estado. No seu terceiro ano de existência, já mostrava pra que veio. Mudou de cara. Com o novo diagrama e tamanho mais atraente para o leitor”. Na sua exaltação, o poeta Vescêncio fazia em cada edição um apelo aos órgão responsáveis pela divulgação e preservação da nossa cultura, para que não deixassem de incentivar, dando apoio, sobretudo financeiro, a este tipo de Periódico, cujo exemplar de garra e qualidade, à Revista Varal é um exemplo no decorrer de sua existência. Na oportunidade o Centro Cultural dos Cordelistas –Cecordel – Lamenta a perda deste vate da cultura cearense, um dos fundadores(década de 80) desta entidade representativa da literatura de cordel no Ceará.
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