O poeta Guaipuan Vieira, com este seu Adagiário no Cordel, presta uma justa homenagem a Leonardo Mota, cearense de Pedra Branca (1891-1916). Leota como era chamado pelos poetas populares, descreve seu grande legado à cultura brasileira: " Fui um intransigente na defesa do sertão esquecido, do sertão caluniado e só lembrado quando dele se quer o imposto nos tempos de paz ou o soldado nos tempos de guerra. E fui sobretudo, contra o labéu de cretinice do sertanejo nordestino que orientei a minha documentada contradita: em todo o meu "Cantadores" e nas conferências que proferi, de Norte a Sul, pus o melhor dos meus empenhos em fazer ressaltar a acuidade, a destreza de esperíto, a vivacidade da desaproveitada inteligência sertaneja, de que os menestréis plebeus são a expressão bizarra e esquecida, apesar de digna de estudos." Outro grande estudioso, o professor Luiz da Câmara Cascudo, diz: em qualquer parte do Brasil onde estivesse ressuscitava o Nordeste como nenhum escritor poderia fazer ou outro artista tentar. Não era o Embaixador, mas a própria Terra com a gente palpitante... São essas vozes e essa gente que manterão Leonardo Mota contemporâneo e vivo no espírito do povo brasileiro, na legitimidade verídica de sua cultura."
Para o doutor folclorista
Eu presto a minha homenagem,
Neste folheto de feira,
Que também é reportagem
Já foi jornal do sertão
E preserva sua bagagem.
Pois vovó sempre falava,
Nesse doutor folclorista,
Que em certa ocasião
Foi-lhe fazer entevista,
Em Currais no Piauí,
Na fazenda Boa Vista.
Ela pitando o canimbo,
Os adágios nos dizia:
"Cachorro que acua alma
Não é boa freguesia
É como mulher que trai
O marido à luz do dia".
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