A história da execução de Mainha,
O maior pistoleiro do Nordeste
Autor: Guaipuan Vieira
xilo do autor
Mas ficou o pistoleiro
De todos o mais perverso
No mundo do bandoleiro
Por ser frio e calculista
E ainda mais traiçoeiro.
Sobre esse tema outra vez
Versejo com precisão
Pelo fato ser notícia
Na capital e sertão
E também o personagem
Ter ganho repercussão.
A história se concentra
Em Mainha, o pistoleiro,
Que vítima de emboscada
Viu seu dia derradeiro
Cuja lei da recompensa
assinou seu paradeiro.
Antes de narrar o fato
Faço retrospectiva
Da história de Mainha
Que passa a ser mais ativa
Através de sua morte
Por uma ação vingativa.
Foi bandido perigoso
Temível entre os demais
No crime era estrategista
Sem ações eventuais
A não ser na sua defesa
Que mostrava estes sinais.
Era amigo do amigo
Zelava este conceito
Traição não admitia
Por ser grande desrespeito
E a morte do desafeto
Era a causa desse efeito.
Sua prisão há muito tempo
Vinha sendo arquitetada
Por força policial
Com sua ação mais ousada
Porém ele no silêncio
Fugia dessa emboscada.
Agosto de oitenta e oito
acharam seu paradeiro
sem reação e indefeso
era preso o pistoleiro
cuja notícia espalhou-se
entre o solo brasileiro.
Bem de súbito se estendeu
no sul do país chegou
e uma revista de fama
o assunto pesquisou
constatando que Mainha
muita gente ele matou.
Desta feita eu escrevi
dois folhetos de cordel
um narrando sua história
sobre o crime de aluguel
o segundo foi sua carta
defesa daquele réu.
Estes folhetos atingiram
a sua sétima edição
foi manchete de jornal
no rádio e televisão
Mainha si tornou mito
nas histórias do sertão.
Mas no foco da notícia
pro presídio foi levado
era um preso especial
por estar investigado
sua segurança mantinha
polícia por todo lado.
Da chacina de Alto Santo
e a sentença anunciada
doutor juiz a contento
leu sessenta e quatro anos
Sem fazer mais argumento.
A defesa com a sentença
recorreu no mesmo instante
e Mainha pro presídio
seguiu seu itinerante
mas pro juiz informou
não ser o réu intrigante.
Os anos então passavam
Mainha sendo detento
quando em mil e novecentos
noventa e nove outro acento
numa cadeira de réu
para um novo julgamento.
Pelos crimes de Alto Santo
Que ele tinha recorrido
Cuja sentença cumpria
Porém foi absorvido
Mas outra condenação
Pra prisão foi devolvido.
Em sela individual
Essa pena ele cumpria
Quando em noventa e três
Banho de sol que fazia
Foi surpreso por um preso
Cujo atentado sofria.
Munido de bom reflexo
Pra defesa habilidade
Se defendeu do agressor
Com um corte sem gravidade
E os detentos no presídio
Pôs respeito de verdade.
No ano noventa e quatro
Houve um fato inusitado
Dom Lorscheider o arcebispo
Do Ceará rico estado
Em visita no presídio
Foi refém de um rebelado.
Nessa visita uns repórteres
Estavam na comitiva
Quase refém do moitim
Viram uma ação expressiva
De Mainha aos protegê-los
Em sua cela exclusiva.
Contudo os anos passaram
Tendo bom comportamento
Pro regime semi-aberto
Foi pra ele um acalento
Na Colônia Amanari
Foi viver sem mais tormento.
A profissão de vaqueiro
Retornou sua atividade
Na cidade Maranguape
E a fazenda a liberdade
Na Colônia só dormia
Cumprindo penalidade.
Era um vaqueiro de fama
Tinha história bem contada
Seu aboio na vaqueirama
Ficou a marca assinada
Como a lenda que permite
A vida ser renovada.
Com aquela vida pacata
Sobre olhares do destino
Mantinha forte amizade
Fugindo de desatino
Não queria ser mais visto
Entre o rol de assassino.
Porém com a ficha pregressa
Inimigo não faltava
De fato perseguição
Ao seu redor circulava
Esse fato pra polícia
Num ocorrência narrava.
No silêncio de meio-dia
Terça-feira da semana
Ano de dois mil e onze
Seu destino não lhe engana
Janeiro quatro do mês
Traz sua morte em caravana.
Bandidos num carro preto
Vêem Mainha em cavalgada
Se dirigindo à fazenda
E confirmam a empreitada
Sete tiros de pistola
Fazem sua vida tombada.
Morria numa emboscada
Que é praxe do pistoleiro
Descobrir seus assassinos
É como agulha em balseiro
Mais procura ela se esconde
Sem prova do paradeiro.
No mundo do banditismo
A sentença é sempre a morte
Que nunca vem da justiça
Porque esta tem seu porte
Mas sim dá lei da vingança
Com seu fatal passaporte.
Mainha assim foi julgado
Pra ele não foi surpresa
pois com quem o ferro fere
O ferro será sua presa
Foi ferrado pelos crimes
Sem direito de defesa.
Assim termino esta história
Sem fazer apologia
Ao crime de pistolagem
Que cresce no dia a dia
Mas um registro em cordel
O jornal em poesia.
Fortaleza, 6/01/2011- Folheto com 8 páginas -Edição Cecordel
Também do autor:
Mainha, o maior pistoleiro do Nordeste e
Mainha, o maior pistoleiro do Nordeste e
A carta de Mainha à sociedade.
guaipuancordel@yahoo.com.br
guaipuancordel@yahoo.com.br
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