quarta-feira, 28 de maio de 2014

      Republicamos artigo do Blog do Tribuna do Ceará,   assinado pelo jornalista Nonato Albuquerque, sobre a crescente onda de violência no país. O jornalista ilustra o artigo com versos do poeta Guaipuan Vieira, do cordel intitulado A NAÇÃO APAVORADA COM MEDO DA VIOLÊNCIA. Lemos:

Saudades do futuro

Por Nonato Albuquerque em ARTIGO
12 de maio de 2014

Alguém me falou que o mundo anda meio perturbado. Meio é força de expressão porque, na verdade, anda é doido mesmo. O mundo não; algumas pessoas. Como se uma onda maléfica soprasse de onde não sei onde e, por onde se alastrasse, varresse o senso das pessoas; roubasse a razão e elas começassem a agir de forma criminosa. Então, como explicar a maldade disseminada por alguém que, por motivo nenhum, tirasse a vida das pessoas, enterrasse os corpos e, ao ser preso, reagisse com a frieza mais desnorteante possível? O que pensar de um casal no Rio, que tirou a vida de uma jovem manicure só porque ela apanhou alguns biscoitos?
A violência passou da conta, se é que existe limites para ela. Por isso, até os cordelistas já andam deixando de lado o romantismo da poesia para falar da Nação apavorada com medo desse estigma que nos deixa atônitos.
Diz o poeta Guaipuan Vieira: “A questão da violência / é demais preocupante. São roubos e homicídios / que acontecem a todo instante / e esta triste realidade / perdeu feio, é incessante. // A grande periferia / é a classe mais afetada / e o jovem sem incentivo / pra ter vida bem formada / sendo fraco, vê no crime / a porta de sua estrada. /// Contudo a distribuição / de renda mal dividida / é uma base dessa causa / por não deixar ter saída/ àquela gente que é pobre / quem luta por nova vida. /// Vivemos acorrentados / pior do que no passado / no reino da ditadura que tudo foi censurado. Porém livre, a gente andava, sem bandidagem de lado”.
Na verdade, ninguém de bom senso quer de volta aqueles dias de chumbo dos ditadores; todos, sentimos uma enorme saudade é do futuro que a gente imaginava e que os dias presentes nos roubaram.

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