MEMÓRIA POÉTICA
Por Guaipuan Vieira
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEvL8T7K5HDHb1WxQaC5g3jzQIT-SXHoHoIRDvTpbTLlJsqnJ2iZnipkJqsx0k8UjWXCYDMgK1NvMVDwG3ZcN4inZtd1ZFmrheHeTlIJM8b0vLslEy4wkTokXb3jvKgR0g_W6zUZaFCOA/s320/z%C3%A9+da+prata.jpg)
Sou padre dizendo missa,
Sou o chefe de puliça,
Sou catete, sou piloto,
Sou uma corda de couro,
Eu sou prata, eu sou ouro,
Sou vila e sou cidade,
Sou casa de caridade,
Sou sargento furriel,
Sou tenente-coronel,
Sou major e sou fiscal,
Sou delegado-geral.
FAZENDO DENUNCIA...
A justiça do Estado,
Que se diz justa demais,
Ainda não foi capaz
De dar conta do recado,
Pois o prefeito Zé Prado,
Sem a menor compostura,
Falsificou escritura
De terras para vender:
Só a justiça não vê
O rato da Prefeitura.
Consta que no leito de morte, ao lado de familiares, ele versou:
Eu estou passando as horas
Em estado moribundo.
Mas rede e panela velha
Só se acabam pelo fundo.
E talvez nesses três dias
Viajo pra o outro mundo.
Estou aqui padecendo,
Como a velha carnaúba
Meus lábios estão rosados
Que só tripa de cojuba
E a face tão corada
Que só flor de caraúba.
Só me dão para comer
Um triste mingau de puba.
Tô no pé de uma ladeira
E não sei como é que suba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário